Panoramas 2021

TRANSVOAR

Vídeo Exibido na mostra artística do evento PANORAMAS 2021 - https://18art.medialab.ufg.br/

Realizado na Universidade Politécnica de Valência em Valência/Espanha.


Impulsionados pelo conceito de não-lugar de Marc Augé (2012), em que o autor define por duas realidades complementares, mas distintas: espaços constituídos em relação a certos fins e a relação que os indivíduos mantêm nestes espaços. Os artistas questionam diversos aspectos sobre os lugares e não lugares na cidade de Brasília: como são ocupados, quem os ocupa? Qual o lugar e “uso” do corpo que não se encaixa no padrão social heterossexual, normativo e cisgênero na cidade e sociedade? Como resultado da experiência, para os artistas o “não-lugar” (AUGÉ, 2012) foi deslocado para a “categoria de lugar afetivo”, cenário significativo de reflexão e de memória.


Foi neste percurso que se deu o encontro com uma mulher transexual no local de seu trabalho, a rua, em 2019. Em 2021, os artistas retornaram ao mesmo ponto e o encontraram vazio de pessoas e movimento, mas, preenchido por uma presença/ausência afetiva, o que os levou a dar continuidade ao processo artístico iniciado. Desta vez, retomado por conversas com a mulher, que voltou à sua cidade de origem e, em meio ao isolamento social imposto pela pandemia, atende seus clientes em outro território: o virtual. Nesta nova etapa do trabalho e das relações construídas, os artistas trazem questões sobre as mudanças nos lugares específicos e os dilemas nas formas de se relacionar durante o isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus.


Em continuidade ao processo artístico, investiga-se o deslocamento do lugar físico para o virtual apoiado no conceito de site specificity em que as especificidades do lugar como site oriented, considera tanto a localização em si, quanto um site determinado discursivamente (KWON, 1987) e estuda-se a sexualidade, o gênero e os dilemas enfrentados por quem encara a sociedade normativa assumindo padrões de gênero desviantes.


O lugar é propulsor de reflexões, questionamentos e encontros acerca da sexualidade e afetividade em que a empatia tem papel fundamental. Os artistas, assim, refletem poeticamente sobre como a vida se reconfigurou ao migrar da rua para o mundo computacional: “Esse tempo computacional altera e, como vimos extermina o espaço como local e transforma-o de forma dinâmica em novas dimensões espaço-temporais que são o cyberespaço e a sua representação por meio das técnicas de realidade virtual...” (Venturelli, 2004).


A pesquisa impulsiona, ainda, discussões acerca do público e do privado e da organização de cidade setorizada que sofre transformações orgânicas em seus espaços planejados, resultado do uso cotidiano, o que gera especificidades nos lugares antes propostos para outras finalidades, além de trazer em seu escopo a opressão, o oprimido, o preconceito (em todas as suas formas) e o lugar do oprimido em contraponto aos “heterossexuais e seus privilégios de visibilidade e hegemonia de valores” (SEDGWICK, 2007).

lugares_de_transito_LYNNCARONE_FPERICIN_-_338.pdf

ISSN 2358-0488 - Anais do VIII Simpósio Internacional de Inovação em Mídias Interativas. ISSN 2238-0272 - Anais do 20o . Encontro Internacional de Arte e Tecnologia. 8vo. Balance-Unbalance. PANORAMAS 2021. ROCHA, Cleomar; VENTURELLI, Suzete; MARTINEZ, Emilio (Orgs). València, Espanha: Universitat Politècnica de València; Media Lab / BR, 2021.