BANDEIRAS ARTÍSTICAS PARA UM BRASIL DE 2025: AMOR POR PRINCÍPIO
FERNANDO HISATONI PERICIN
Esta pesquisa, em desenvolvimento no campo da arte contemporânea, propõe a criação de bandeiras como exercício simbólico, estético e político. Partindo da genealogia da bandeira arco-íris LGBTQIA+, criada por Gilbert Baker nos Estados Unidos em 1978, e suas reinterpretações e variações ao longo do tempo, investiga-se a potência das bandeiras como suportes visuais para afetos dissidentes e narrativas contra-hegemônicas. No Brasil de 2025, atravessado por disputas de sentidos e urgência por novos imaginários, propõe-se uma série de bandeiras que não representam territórios geográficos, mas corpos, desejos, encontros e possibilidades de pertencimento. A proposta central é a elaboração de uma bandeira de forma simétrica — um quadrado — que desafia a tradição retangular das bandeiras nacionais, desestabilizando hierarquias visuais e políticas. As cores se dissolvem umas nas outras, evocando a ideia de mistura como constituição fundamental dos sujeitos. Em vez da máxima positivista “ordem e progresso”, inscreve-se o início do enunciado que ficou de fora da frase da bandeira brasileira: “amor por princípio”, deslocando o imperativo racional para uma ética do afeto e da solidariedade. As estrelas não figuram estados, mas a constelação de Touro, ligada ao tempo da fertilidade, do corpo, da resistência, e ao culto popular de São Sebastião — santo de flechas e sobrevida, símbolo de devoção e dissidência. A pesquisa reivindica a bandeira como lugar de invenção de mundos, um campo em que estética, política e espiritualidade se entrelaçam na tarefa de criar pactos de sensibilidade para o presente.