Resumo submetido para o evento
Oráculo Artístico: Chaves, IA e Poesia como Processo Criativo
Este artigo apresenta a criação de um oráculo artístico, poético e imagético composto por 12 cartas, que exploram a intersecção entre colecionismo, poesia e inteligência artificial (IA). O trabalho parte de uma coleção pessoal de chaves, agrupadas e guardadas como símbolos de abertura de caminhos e possibilidades, em diálogo com a poesia de Orides Fontela, que funciona como um guia poético, espiritual e estético do projeto. O processo criativo combina objetos tangíveis, tecnologia e literatura, estabelecendo um campo de experimentação imagética e simbólica.
A escolha do número de 12 cartas está ancorada em seus significados simbólicos como os 12 meses do ano, os 12 signos do zodíaco, as 12 horas do dia, as 12 horas da noite, os 12 ciclos do horóscopo chinês e os 12 trabalhos de Hércules. Esse número, que é frequentemente associado a ciclos completos, reforça a ideia de totalidade e repetição.
A metodologia utilizada para este trabalho envolveu três etapas principais. Em princípio, cada carta foi estruturada a partir de uma chave física oriunda da coleção do artista, cuja descrição foi incorporada em molduras geradas por IA que contextualizam seu significado simbólico. Em seguida, foram selecionados poemas ao acaso do livro "Poesia Completa" de Orides Fontela (2015) que foram utilizados como prompts de comando para a geração de imagens via IA generativa (do Adobe Photoshop) em áreas delimitadas pelo artista, compondo elementos visuais que se aproximam de estéticas kitsch, camp e surrealistas. Por fim, no verso de cada carta, uma poesia de Orides Fontela, que também foi escolhida ao acaso, acompanha uma imagem gerada pela IA com base na descrição total do oráculo.
O resultado do processo é um conjunto de 12 cartas numeradas, em que o número também participa do jogo interpretativo, ampliando as possibilidades de leitura e associação simbólica. O oráculo, portanto, surge como um dispositivo poético que permite que quem o consulte se depare com imagens repletas de elementos e um número em cada carta.
A articulação entre poesia, objeto e tecnologia evidencia a potencialidade da IA como ferramenta de expansão criativa, gerando visões híbridas que extrapolam os limites da autoria individual. O artista e a IA trabalham em cocriação. Este oráculo artístico propõe não apenas um exercício estético, mas também uma experiência simbólica de consulta e interpretação, em que muitos acasos, IA, números e intuição se entrelaçam em um jogo de significados abertos.
Palavras-chave: Oráculo artístico, Inteligência artificial, Poesia, Colecionismo, Processos criativos.